segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Frutas orgânicas - fontes de vitalidade e prazer

Por Marise Berg

As frutas são os frutos de certas plantas com características especiais: geralmente de natureza polposa, aromas próprios, são ricas em açúcares solúveis, de sabor doce e agradável, podendo ser consumidas, na maioria das vezes, cruas. São as frutas, segundo o velho testamento, o primeiro alimento de que se serviu o homem (Ornellas).

As frutas ao natural são essenciais numa dieta saudável e nutritiva que se traduza em energia e vitalidade. Coloridas, aromatizadas, cada fruta oferta elementos essenciais ao organismo e estimula o aprimoramento do paladar. Umas mais doces, outras mais ácidas, apropriadas ao consumo direto e convidando a mordidas suculentas, instigam a criatividade e apresentam com um show de cores, sabores e aromas. A qualidade de uma dieta deve, impreterivelmente, considerar as frutas, permitindo usufruir de seus benefícios, especialmente das vitaminas indispensáveis a um organismo pleno de energia. Por essas virtudes, é fundamental que o consumo de frutas, tanto na forma in natura quanto industrializada ou com outros aproveitamentos na culinária, seja estimulado desde a infância. (Anuário da fruticultura, 2011)


As frutas oferecem praticidade nas refeições, tanto em seu armazenamento e em sua conservação a curto prazo quanto nas formas de serem servidas. Quando a fruta não está em boas condições ou existe um excedente que não pode ser consumido ao natural, pode-se preparar as frutas de diferentes maneiras, agregando ou não outros ingredientes: sucos, sorvetes, gelatinas, geléias, compotas, doces diversos. O importante é usar a técnica de preparo que não prejudique o valor nutritivo da fruta (Ornelas).

Segundo a diretriz 3 do Guia Alimentar para a População Brasileira do Ministério da Saúde, as frutas (assim como as verduras e legumes) são ricas em vitaminas, minerais e fibras e devem estar presentes diariamente nas refeições, pois contribuem para a proteção à saúde e diminuição do risco de ocorrência de várias doenças. As vitaminas e os minerais são substâncias presentes nos alimentos de origem vegetal são essenciais à saúde e à nutrição adequadas. Embora muitos alimentos contenham essas substâncias, as frutas são especialmente ricas em várias vitaminas e minerais.

O consumo das frutas no Brasil é tradicionalmente baixo. A Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009 do IBGE (POF) e a Avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos, elaborada em parceria com o Ministério da Saúde, referente à avaliação da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil identificou que as famílias brasileiras consomem mais açúcar e menos frutas e hortaliças do que o recomendado. (IBGE, 2010)
O estudo identificou algumas características negativas dos padrões de consumo alimentar em todo o país e em todas as classes de renda, como o teor excessivo de açúcar e a participação insuficiente de frutas e verduras e legumes na alimentação. Frutas, verduras e legumes correspondem a apenas 2,8% das calorias totais, ou cerca de um quarto das recomendações para o consumo desses alimentos (pelo menos 400 gramas diárias) embora o grupo das frutas tenha tido um aumento de 17,9% na aquisição domiciliar per capita média anual de 2002-2003 (24,5 kg) para 2008-2009 (28,9 kg). Em comparação com as frutas, as refeições prontas e misturas industrializadas correspondem a 4,6% das calorias totais, destacando-se o refrigerante de cola, que aumentou em 39,3% (de 9,1 kg para 12,7 kg), a água mineral, em 27,5% (de 11,0 kg para 14,0 kg) e a cerveja, em 23,2% (de 4,6 kg para 5,6 kg). (IBGE, 2010)

Na comparação com a pesquisa de 2002-2003, houve redução das quantidades médias adquiridas na maioria dos grupos definidos pela POF, com maiores quedas nos grupos de cocos, castanhas e nozes (redução de 77,8%). (IBGE, 2010)

O consumo mínimo recomendado de frutas, legumes e verduras é de 400 gramas/dia para garantir 9% a 12% da energia diária consumida, considerando uma dieta de 2.000kcal. Isso significa o consumo de três porções ou mais de frutas, principalmente em suas formas naturais, nos lanches e sobremesas. (MS, 2005)

Segundo o Ministério da saúde, as frutas, os legumes e as verduras, além de ricos em nutrientes, possuem baixo teor energético, portanto o consumo adequado desses alimentos auxilia na prevenção e no controle da obesidade e, indiretamente, contra outras doenças crônicas não-transmissíveis (diabetes, doenças cardíacas e alguns tipos de câncer), cujo risco é aumentado pela obesidade.

Por outro lado, uma alimentação baseada apenas em frutas, legumes e verduras não garante proteção contra a deficiência de energia e proteínas, devido à baixa densidade energética desses grupos de alimentos (MS, 2005).
Frutas orgânicas

A crescente demanda por frutas orgânicas, objetiva não apenas produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente, mas também a preservação e ampliação a biodiversidade dos ecossistemas e a conservação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, da água e do ar (Stringheta, p236).

Cada vez mais vistos nas gôndolas dos supermercados e em muitos restaurantes, a tendência ao consumo de alimentos orgânicos ganhou destaque com a crescente preocupação do consumo consciente e saudável. Mas muitos consomem esses alimentos, sem ao menos saber quais são as vantagens para o ambiente e para a saúde.

O cultivo orgânico é natural, sem o uso de aditivos químicos. Alimento orgânico é o termo utilizado, atualmente, para designar alimentos de alta qualidade biológica, isentos de resíduos de substâncias nocivas à saúde humana e provenientes de sistemas agrícolas onde os recursos produtivos locais são manejados de forma integrada e harmônica, visando a sustentabilidade econômica, ambiental, social e cultural.
Alguns estudos mostram uma tendência ao aumento no teor de vitamina C e compostos fenólicos em alimentos orgânicos, se comparados com os produzidos por agricultura convencional. Compostos fenólicos são importantes para a saúde, os quais podem desempenhar um importante papel na absorção e neutralização de radicais livres.
Outros estudos indicam que não existem diferenças entra alimentos orgânicos e os produzidos por agricultura convencionais, entretanto, praticamente não foram encontrados estudos que mostram que o alimento convencional é superior ao orgânico.

Por serem cultivados em solos puros, o sabor e aroma de alimentos orgânicos são mais intensos. Muitos chefes de destaque internacional preferem o uso desses alimentos em seus pratos.

Em relação à qualidade sanitária, destacam-se alguns pontos a favor da produção orgânica como a redução de 60 a 93% no do teor de nitratos, substâncias potencialmente carcinogênicas, provenientes do aporte de adubação química nitrogenada e resíduos de agrotóxicos.
Segundo o SINDAG (Sindicato Nacional da Indústria de produtos para a defesa agrícola), o Brasil é o campeão mundial no uso de defensivos químicos (em números absolutos), o que se repetiu três vezes nos últimos anos, superando os Estados Unidos. Segundo o Sindicato, só em 2009 foram consumidos no Brasil 1 bilhão de litros de agrotóxicos (fungicidas, inseticidas, herbicidas). Para se ter uma idéia da dimensão, é como se cada brasileiro consumisse, ao longo do ano, cinco litros de veneno.
Segundo dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2010, 29% dos 20 itens pesquisados pelo programa, num total de 3 130 amostras coletadas em 2009, apresentaram irregularidades, como resíduos de agrotóxicos acima do permitido. Segundo a Anvisa, 15% da nossa comida tem taxa de veneno prejudicial. Os maiores riscos estão nos contaminados por endossulfan (usado em lavouras de pimentão e pepino), seguidos por acefato (cebola e cenoura) e metamidofós (comum na plantação de tomate e alface). Essas três substâncias, banidas há uma década nos Estados Unidos e na União Europeia, integram a lista dos 14 agrotóxicos que estão sendo reavaliados pela Anvisa. O endossulfan, que causaria câncer e má-formação fetal, figura entre os cinco que serão proibidos no Brasil em dois anos, de acordo com a agência.

Segundo médicos sanitaristas, a médio e longo prazos, quem consome alimentos com resíduos de agrotóxicos pode apresentar problemas hepáticos (cirroses) e distúrbios do sistema nervoso central. O risco vai depender da quantidade de agrotóxicos acumulada e das características do organismo de cada pessoa.

Sabemos que alimentos ecológicos são mais caros. Mas essa diferença de preços vem diminuindo de acordo com o aumento da demanda. Podemos ver no Brasil e no mundo um movimento de agricultura orgânica que conquista cada vez mais adeptos que buscam uma alimentação saudável e preocupam-se com a sustentabilidade.

Apesar de não existir um aval da comunidade científica de que plantas cultivadas organicamente são melhores para a saúde da população, pela simples falta de dados epidemiológicos, não há dúvidas de que é preciso mais atenção da saúde pública para os problemas causados pelo sistema convencional.

REFERÊNCIAS
ORNELAS, Leiselotte. Técnica Dietética – seleção e preparo de alimentos. Atheneu Editora São Paulo, 8ª. Ed.
SIZER, Frances, WHITNEY, Eleonor. Nutrição, conceitos e controvérsias.
STRINGHETA, Paulo; MUNIZ, José. Alimentos orgânicos, Produção, tecnologia e certificação. Ed. UFV, Viçosa, 2009.
Sebrae. Anuário da Fruticultura. 2011.
Ministério da Saúde (MS). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2005. http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/popup/05_0768.htm disponível em 28/11/2011
IBGE. http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?id_noticia=1788 disponível em 28/11/2011

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